Março amarelo: como reduzir os impactos da endometriose na qualidade de vida? - Blog do Sabiá

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domingo, 5 de março de 2023

Março amarelo: como reduzir os impactos da endometriose na qualidade de vida?

 

Foto: Freepik

Para muitas mulheres, o período menstrual é sinônimo de dor, sofrimento e privação de atividades cotidianas, como trabalhar, estudar ou malhar. Na percepção de muitas delas, essa situação é normal, ou ao menos temporária, e nem imaginam que por trás das cólicas pode existir um problema muito sério: a endometriose. A doença afeta sete milhões de brasileiras, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) – quase 10% da população feminina.
“É uma doença inflamatória complexa que pode se manifestar de muitas formas diferentes em cada mulher, por isso, o diagnóstico pode levar anos, principalmente quando o profissional da saúde não está treinado para identificar a doença ou normaliza a dor da paciente”, alerta o ginecologista e especialista em cirurgia minimamente invasiva Alexandre Amaral, referência no tratamento da endometriose.

A endometriose ocorre quando o endométrio - tecido que reveste o útero e é eliminado durante a menstruação - migra no sentido oposto e começa a se desenvolver em outros lugares, causando inflamação em regiões como ovários, trompas, bexiga, intestino ou, em casos mais raros, em outros órgãos. “Essa inflamação crônica compromete profundamente a vida da mulher causando cólicas menstruais intensas, dores abdominais e durante as relações sexuais, alterações intestinais e urinárias e dificuldade para engravidar. Diante da dor incapacitante e dificuldade em seguir com atividades diárias, cerca de 60% das mulheres com endometriose tendem a desenvolver depressão e ansiedade”, explica o ginecologista.

Importância do diagnóstico precoce

Com a ideia de conscientizar sobre a endometriose, a campanha Março Amarelo chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce e da avaliação ginecológica periódica para evitar o agravamento da condição e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas pela doença.

Alexandre, que integra o projeto Endometriose Brasil, uma iniciativa do Ministério da Saúde, acredita que um dos caminhos para melhorar a saúde feminina é o avanço contínuo das pesquisas sobre a doença e, sobretudo, das técnicas de cirurgia minimamente invasiva, capaz de eliminar os focos da doença.

“A endometriose necessita de uma abordagem integrativa da paciente, com atendimento individualizado e multidisciplinar. O tratamento pode ser hormonal, suspendendo a menstruação através de contraceptivos como pílulas, implantes ou DIU, ou, quando a paciente não se beneficia do tratamento clínico, há a indicação cirúrgica, via cirurgia laparoscópica ou robótica, que são abordagens minimamente invasivas. A intenção é retirar ao máximo os focos de endometriose sem trazer prejuízos para retomar a qualidade de vida dessa paciente que vem sofrendo a muito tempo com dor”, explica.

Cuidado integrado
Apesar de não ter cura, a endometriose pode ser controlada ao longo da vida com acompanhamento ginecológico e modificação do estilo de vida, que são fundamentais para reduzir a inflamação e regular a imunidade. Alexandre explica que praticar atividade física pelo menos três vezes por semana, se alimentar de forma equilibrada, controlar o peso, regular o estresse, dormir bem e contar com uma rede de apoio são estratégias essenciais para enfrentar a endometriose e melhorar os sintomas dolorosos.

“O cuidado com a alimentação é um fator muito importante no tratamento. Os alimentos industrializados e gordurosos, álcool, açúcar e processados, além de acentuarem os sintomas inflamatórios, contribuem para o aumento de tecido adiposo, associado a maior concentração do hormônio estrogênio, que agrava a doença”.

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